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Na propriedade de Joemir Fick, em Cruzeiro do Sul, todo processo desde a ordenha até o resfriador é mecanizado, sem contato manual (Foto: Giovane Weber)

Produção de leite tem novas exigências

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Procedimento mecanizado, sem contato manual, local adequado para armazenar o leite e a temperatura de 4ºC são alguns dos cuidados para cumprir a Instrução Normativa 62 que começou a valer no dia 1º. A norma substitui outra Instrução Normativa, a 51, e muda os parâmetros para a contagem bacteriana total (CBT) a contagem de células somáticas (CCS).

A CBT indica a contaminação do leite por micro-organismos. O índice foi reduzido de 600 mil unidades formadoras de colônia por mililitro para 300 mil unidades. A CCS demonstra se há inflamação da glândula mamária. O índice foi reduzido de 600 mil para 500 mil por mililitro.

A norma vale para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Os produtores têm até 2016 para se adequar às novas regras de qualidade. De acordo com o Mapa, apenas 60% dos produtores do país estão adaptados às normas.

Para atender as exigências, melhorar a qualidade do produto vendido para a cooperativa e elevar os ganhos, o produtor Joemir Fick, de Picada Augusta, Cruzeiro do Sul, comprou um resfriador a granel há alguns meses. Com capacidade para armazenar três mil litros de leite, todo procedimento desde a ordenha até o tanque é mecanizado, sem contato manual. “Antes demorava até três horas para resfriar. Agora o processo é imediato.”

Outro cuidado é com a limpeza das tetas das vacas antes da ordenha. No inverno o local onde ficam alojados os 85 animais acumula muito barro. “O ideal seria concretar todo pátio. Além de melhorar a infraestrutura, evitando a ocorrência de mastite.”

Cumprindo as exigências da Normativa 62, Fick ganha em torno de R$ 0,02 a mais por litro vendido. “produzimos 1,5 mil litros por dia. Essa diferença paga pela qualidade auxilia no pagamento do resfriador.”

Conforme o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, o alvo principal agora é o consumidor. As mudanças estão em todos os itens que se referem à qualidade, regras para ordenha, higienização e armazenamento. “Até o pequeno produtor, que faz a ordenha manual, pode se enquadrar.”

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, afirma que a idéia é chegar ao patamar dos produtos nativos da União Européia. “A diferença é que eles estão com programas de qualidade há 50 anos. A Instrução 51 foi prevista apenas desde 2002 e agora começa a ser colocada em prática.”

Com cerca de 80% da produção proveniente da agricultura familiar, dificulta a padronização das atividades. Segundo maior produtor de leite do país, o RS mantém o Programa Mais Leite. Este dá auxílio financeiro ao pecuarista por meio de um vínculo com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Mais Alimentos.

De acordo com o coordenador da Câmara Setorial de Leite e gestor do projeto, João Milton Cunha, o produtor pode fazer a compra de resfriadores e ordenhadeiras, por exemplo, pelo Mais Alimentos e, no momento da adesão ao programa, ele assina um termo para participação no Mais Leite. Desta forma, o produtor consegue um reembolso de 1/7 do valor financiado, com teto de R$ 10 mil.

Bonificação garante qualidade

A Cooperativa Languiru de Teutônia foi uma das pioneiras em bonificar o produtor pelo fornecimento de um produto de mais qualidade. Conforme o presidente Dirceu Bayer, 1.579 propriedades fornecem uma produção média de 350 mil litros por dia.

Desse total, 96% dos associados fazem o resfriamento a granel e 74% têm ordenha canalizada. “Apenas 20% ainda não se enquadram nas exigências.”

Para incentivar o uso de resfriador de expansão direta, ordenha canalizada, construir sala de ordenha, além da bonificação por itens de qualidade como CCS (células somáticas), UFC (contagem bacteriana), é pago um valor a mais pelo nível de gordura, proteína e propriedades com atestado de controle e erradicação da tuberculose e brucelose.

A empresa desenvolve a Programa de Incremento à Produção, no qual o associado compra equipamentos de ordenha com desconto na produção entregue. Apesar de ainda permitir a armazenagem em tarôs, nenhum novo produtor é aceito se não tiver resfriador a granel.

Para Bayer, a implantação das normas de controle de qualidade é benéfica. Além de ajudar na organização e qualificação de toda cadeia produtiva, destaca a possibilidade de aumentar o lucro do produtor com a bonificação e a sanidade do rebanho.

A Cooperativa Cosuel de Encantado desenvolve projeto semelhante para qualificar a cadeia produtiva.

CIC Vale do Taquari

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