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Necessidade: duplicação da BR-386 e da ERS-130 está entre as prioridades elencadas pelo Vale (Foto: Frederico Sehn)

Lideranças discutem gargalos para o desenvolvimento da região

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Com o objetivo de promover a reflexão sobre os gargalos de desenvolvimento da região, a Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT) promove, no dia 10 de novembro, o encontro Estratégias de Ação.

Lideranças de entidades empresariais e prefeituras irão se reunir na Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) para debater as demandas de 36 municípios do Vale do Taquari. O levantamento foi realizado pela CIC-VT no primeiro semestre deste ano.

De acordo com o presidente da entidade, Ito José Lanius, a ideia é fazer com que os representantes dos municípios se debrucem sobre os pontos que dificultam o crescimento da economia regional, para saberem onde é possível agir para destravá-los. Entre as prioridades estão a construção de hidrelétricas, duplicação de estradas, agilidade na liberação de processos ambientais e maior efetivo de policiais (confira na página 3). “Há muitas demandas na região, de maior ou menor porte, que, de alguma forma, travam o desenvolvimento regional”, destaca.

Lanius comenta que entre os principais problemas está o espaço de tempo entre a necessidade e a efetivação de obras. “Um exemplo é a duplicação da BR-386. Os registros dão conta de que, há 30 anos, a Acil começou a solicitar a obra”, menciona. “Esse trabalho que realizamos é para que a região se organize, se articule melhor para buscar o porquê dessa demora para que as demandas se realizem”, salienta o presidente da CIC-VT.

Na opinião de Lanius, a participação de lideranças locais, nesse processo, é essencial. “Não queremos apenas achar culpados, mas nos incluirmos e vermos como podemos contribuir. Quem faz o desenvolvimento da região são as próprias pessoas. Se elas se envolvem, acontece; se elas não se envolvem, não acontece”, enfatiza.

Diagnóstico

As prioridades do Vale do Taquari foram apuradas a partir de uma pesquisa da CIC-VT, em parceria com Associações Comerciais e Industriais (ACIs), Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) e prefeituras. Lanius ressalta que as demandas estão em sintonia com as bandeiras defendidas por entidades como a Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat).

A intenção é de que, ao tirar do papel as necessidades regionais, a infraestrutura melhore e novos negócios nos setores público e privado sejam estimulados. “Essa é uma forma de melhorarmos o desempenho do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Sabemos que é a partir dos indicadores econômicos positivos que se constrói uma qualidade de vida melhor”, explica Lanius, ao lembrar que, entre 2002 e 2003, o Vale do Taquari representava 4% da economia do Estado e, em 2012, teve uma participação de apenas 3,43%.

Ao encontro da atuação de prefeitos e lideranças regionais em busca da recuperação do PIB, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) oferecerá uma linha de crédito para que as prefeituras possam viabilizar obras de menor porte, para serem executadas em curto prazo. A proposta deve ser apresentada no encontro Estratégias de Ação.

Melhoria do ambiente empresarial

O encontro Estratégias de Ação conta também com a parceria da gerência regional do Sebrae Vales do Taquari e Rio Pardo, que traz ao evento o palestrante Augusto Portugal. “Nós temos que melhorar o ambiente empresarial para que as empresas possam se desenvolver. Também é nosso papel”, destaca a gerente Liane Beatriz Klein. Conforme ela, o objetivo da programação é fazer com que as lideranças regionais percebam a importância do seu trabalho.

Conforme ela, a atuação dessas pessoas tem reflexos diretos para manter a economia em ritmo de crescimento, e a abertura de novas empresas é um indicativo disso. Mesmo em meio à crise econômica e financeira do Estado e País, os empreendedores da região não deixaram de colocar seus projetos em prática. “A demanda continua existindo, até por necessidade. Tem pessoas que, de repente, perdem o emprego e precisam agregar uma renda, ou a família está abrindo a sua empresa. Não percebemos, no momento, um desestímulo neste aspecto”, ressalta Liane.

Para permanecer no mercado, a boa gestão do negócio é fundamental. “O empresário precisa ter informação, ver possibilidades de inovação e conhecer a atividade que está desenvolvendo”, observa a gerente do Sebrae. Acrescenta que as oportunidades surgem nesse período. “A questão é estarmos abertos para percebê-las.”

Em questão

O encontro Estratégias de Ação contará com palestra do consultor do Sebrae, Augusto Portugal. O tema é “Quando as lideranças regionais fazem o desenvolvimento regional”. Logo em seguida, o especialista em Planejamento do Desenvolvimento vai coordenar um trabalho de dinâmica em grupo.

A ideia é que os empreendedores desempenhem o papel principal nos projetos e demandas apontados no estudo. Portugal antecipa alguns dos assuntos que serão tratados, entre os quais está a necessidade de mudança de postura da sociedade frente às suas demandas.

1 Qual o objetivo de se trabalhar o tema “Quando as lideranças regionais fazem o desenvolvimento regional”?
Augusto Portugal – O Brasil tem uma cultura, desde o tempo da sua colonização, de que tudo o que tem que ser feito passa pelo Estado; e, as pessoas, os cidadãos, praticamente têm que se submeter, se adequar a uma agenda criada pelo Estado. Durante um certo tempo isso funcionou bem, mas passou a não funcionar e, agora, mais recentemente, com mais razão ainda por dois motivos. O primeiro, é que o país se modernizou muito, tem indústrias fortes, comércio forte, ou seja, houve um desenvolvimento muito grande por parte das iniciativas das pessoas, da iniciativa privada, especificamente, na área da economia.

O Brasil cresceu muito e tem empreendedores, mas nós estamos observando que o Estado, de uma maneira geral, está com dificuldades de recursos, de gente, para poder fazer tudo o que precisa ser feito. Não dá simplesmente mais para dizer ‘isso é atribuição do Estado’, porque ele não consegue mais fazer tudo, mesmo que tivesse vontade. E aí vem a pergunta: se o Estado não consegue fazer tudo, como nós, cidadãos, vamos poder agir diante disso? Vamos esperar pura e simplesmente ou nós podemos fazer coisas? É obvio que nós precisamos fazer coisas, muitas coisas e todo dia tem exemplos disso.

Em toda a sociedade, esse papel, de pelo menos deflagrar um processo, está nas mãos das lideranças, daquelas pessoas que têm importância em representatividade, condições de convocar e reunir mais pessoas e assumir esses papéis. Nós temos que começar a mudar o paradigma: da nossa herança colonial-portuguesa para um paradigma novo, no qual realmente as pessoas vão ter que fazer as suas coisas e pactuar com o governo de outra forma.

2 As pessoas estão preparadas para ocuparem estes papéis ou há uma acomodação?
Portugal – As lideranças sabem que elas têm que assumir esse papel, e as pessoas esperam que as lideranças assumam esse papel. O que acontece é que nós temos um hábito, uma cultura muito grande, de ficar esperando. Eu posso até instigar como líder e ir no governo dizer ‘você tem que fazer isso’, que é o que normalmente se faz. As lideranças dessa região, representando a população, mostram o quanto de fato podem fazer para criar um movimento positivo de mudança.

3 O que é preciso ser feito para começar a ação? Quais os passos a serem seguidos?
Portugal – Tudo começa com uma intenção, uma necessidade. O primeiro passo, que eu saiba, a região já fez, que é levantar as suas principais carências. Temos que criar prioridades, pois não podemos fazer tudo ao mesmo tempo. Segundo, nós temos que ver quem pode fazer, de onde que sai recurso. A chave da história está em saber identificar qual é, de fato, a ação que se pode fazer e, nesse momento, é muito importante ter criatividade, “sair do quadrado”. É saber criar, gerar alternativas improváveis, formas novas de resolver problemas velhos. E eles existem no mundo inteiro. Assim, não dá para dizer ‘tal lugar é mais desenvolvido que outro’. Quando as lideranças se reúnem e elas têm um projeto na mão, elas chegam ao Poder Público e dizem ‘nós vamos fazer isso aqui, tu vens junto?’. Muda o foco. Essa é a moral da história.

Serviço

  • O quê: encontro Estratégias de Ação
  • Quando: dia 10 de novembro
  • Programação:
    • 14h – Abertura
    • 14h30min – Palestra com Augusto Portugal
    • 15h15min – Coffee break
    • 15h30min – dinâmica em grupo
  • Onde: Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil)
  • Inscrições: gratuitas e pelo e-mail cic@cicvaledotaquari.com.br
  • Mais informações: (51) 3011-6900

Principais prioridades

– Construção de hidrelétricas
Seis projetos de empreendimentos hidrelétricos do Vale do Taquari, encabeçados pela Cooperativa Regional de Desenvolvimento Teutônia (Certel), tramitam na Fepam. Além deles, há outros três projetos hidrelétricos e uma proposta de empreendimento eólico, que ainda não ingressaram no órgão estadual, em busca da licença.

Atualmente, duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e uma Central de Geradora Hidrelétrica (CGH) geram uma potência de 13,84 MW no Vale do Taquari, enquanto o consumo é cerca de 200 MW. Com a efetivação de todos os projetos, que incluem Usinas Hidrelétricas de Energia (UHE), a potência gerada ultrapassaria 282 MW, garantindo a autossuficiência energética da região.

O presidente da CIC-VT, Ito José Lanius, cita, também, a existência de uma ideia de utilizar a barragem de Bom Retiro do Sul para a instalação de uma hidrelétrica. “Temos potencial para gerar energia. Poderíamos ser exportadores. Por que está demorando tanto?”, questiona.

– Duplicação de estradas
Além da conclusão da duplicação da BR-386, a duplicação da ERS-130, de Muçum a Venâncio Aires, é uma prioridade. Segundo Lanius, um estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental, que custou R$ 180 mil, foi financiado por prefeituras da região. O desafio, agora, é garantir o financiamento técnico do projeto – a estimativa é de que ele custe em torno de R$ 5 milhões. “Vamos ter que pleitear e ver qual será a melhor estratégia.”

– Agilidade na liberação de processos ambientais
A demora na expedição de licenciamentos ambientais pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam) é um dos entraves no caminho dos empreendedores. Em maio, em reunião-almoço da Acil, a secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado, Ana Pellini, afirmou que, em média, os licenciamentos levam mais de 900 dias para serem emitidos; e destacou o objetivo do órgão de agilizar os processos.

– Maior efetivo de policiais

– Projetos de melhorias urbanas

– Investimentos em saneamento básico

– Fortalecimento do turismo

– Investimentos nas áreas da saúde, educação e infraestrutura de estradas

Conforme Lanius, além das demais obras pleiteadas, temas fundamentais como educação e saúde são bandeiras permanentes na região.

CIC Vale do Taquari

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