A partir da segunda quinzena de outubro, contêineres carregados de grãos do Norte gaúcho deverão embarcar a partir do Porto de Estrela, tendo como destino final a África e a Europa. Uma empresa de navegação com sede na Suíça conheceu as instalações do porto e pretende operar no espaço.
Conforme o diretor do Porto, Antônio Carlos Busnello (52), a expectativa é que a nova empresa – parceira da Camera, que já está instalada nas proximidades do modal -, embarque por semana cem contêineres carregados de soja e de farelo do produto para exportação.
Busnello explica que a empresa já tem operação de transporte no Estado. No entanto, transporta a maior parte de suas cargas hoje por via terrestre. “O tempo de transporte é muito mais curto. Uma carga que sai de trem de Cruz Alta, por exemplo, leva uma semana até Rio Grande. Saindo de Estrela por via pluvial, o trajeto encurta para 36 horas”, compara.
O diretor explica que o grupo estrangeiro já negocia com um operador portuário, para tornar viável a operação. A capacidade de calado do Rio Taquari, no trecho onde fica o porto, sempre questionada para a navegação, parece não ser um problema aos suíços.
Como o leito comportará embarcações de até três mil toneladas, e as barcaças que serão utilizadas na travessia são para esse porte de carga, o interesse em encurtar caminho por Estrela torna-se uma possibilidade material. “Acreditamos que a partir da segunda quinzena de outubro, a empresa comece a movimentação de cargas”, complementa Busnello.
Envase local
Segundo o diretor do porto, o grão de soja chegará solto (a granel) por meio de vagões de trem ou carretas, vindo de várias partes do Estado. No porto ele será armazenado e transferido para os contêineres, para seguir de barcaça até os navios ancorados no Porto de Rio Grande, ou em Porto Alegre.
Com esse trabalho, a expectativa é que seja gerada oferta de mão de obra para trabalhar nesse processo de transbordo de carga tanto na chegada, quanto na saída dos grãos.
Inicialmente a empresa deve operar com a carga de cem contêineres por semana. No entanto, a necessidade do mercado e as condições logísticas do porto permitem o embarque de cinco vezes mais contêineres no mesmo período.
Posto alfandegário
Segundo o diretor de Hidrovias da Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul (SPH), Cristiano Nogueira da Rosa (33), o órgão estuda a possibilidade de instalar em Estrela um posto alfandegário.
Mesmo que a ligação com a exportação passe pelo Porto de Rio Grande, ou por Porto Alegre, a carga que for embarcada em Estrela poderá sair do município com a liberação para sair do país.
Já na próxima semana, Rosa diz que a SPH fará a batimetria – medição da profundidade do leito -, para saber como viabilizar a condição de navegação. “Hoje a manutenção da hidrovia é feita pela Administração das Hidrovias do Sul (Ahsul), do governo federal. No entanto, se houve necessidade, a SPH poderá ajudar na dragagem do canal para manter a navegabilidade”, assegura. “O Porto de Estrela transformará o Vale em um polo de transporte no Estado. Todos sairão ganhando.”
Saiba mais
O Porto de Estrela pertence à União, porém em um terreno de 40 hectares do Estado. Em 2014 a sessão de uso foi repassada ao governo do Rio Grande do Sul, por meio da atuação da SPH.
Para movimentar cargas no local, é preciso que uma empresa se habilite como operador portuário e outras – como a da Suíça – utilizem a estrutura e a operação para embarcar cargas.
Segundo Rosa, é necessário que se faça um contrato com a operadora portuária – uma empresa que também já demonstrou interesse em atuar ali -, para que esta cumpra os requisitos e torne viável o embarque e desembarque de cargas.