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Apesar da crise no setor, Celso Borba (48) manteve a produção de 500 colmeias de abelhas africanizadas (Foto: Frederico Sehn)

Safra de outono é esperança na produção de mel do Estado

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O apicultor, do interior de Tabaí, Celso Borba (48) foi um dos poucos no Estado que conseguiu fugir da atual realidade gaúcha no setor: queda de 50% na produção de mel. Ele driblou as condições meteorológicas registradas na primavera e, com investimentos em alimentação artificial, conseguiu manter a mortandade em apenas 7% – metade do considerado aceitável em uma safra.

Ao todo, apiários gaúchos – considerados os maiores produtores do país – perderam mais de 250 mil colmeias. O prejuízo estimado é de R$ 125 milhões, visto que o rendimento de mel por colmeia/ano caiu de 20 para cinco quilos. A situação afeta a quantidade de produto no mercado e eleva preços. Ano passado o quilo era vendido de R$ 6 a R$ 10. Neste ano, está entre R$ 12 e R$ 18.

A umidade do ar registrada na primavera, estação de floração e crescimento das colmeias, foi uma das principais causas do desaparecimento das abelhas. De acordo com o assistente técnico da Emater Regional, Paulo Conrad, muitos enxames ficaram sem alimento pela perda da coleta de néctar. Agora, a preocupação e ao mesmo tempo esperança do setor é para a primeira safra deste ano, que começa no dia 15 de fevereiro, na floração do eucalipto.

Conrad alerta que a queda da produção de mel vem sendo significativa nos últimos anos, especialmente pela mortandade de abelhas. Isso, segundo ele, é uma preocupação além da produção do mel, mas que também trará consequências para a produção de muitas culturas que precisam do serviço de polinização das abelhas.

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Conrad explica que as constantes chuvas atrapalham a tarefa das abelhas de coleta de néctar e pólen. Segundo ele, nos dias em que não podem fazer a coleta, os insetos se alimentam da produção existente na colmeia. Com isto, não conseguem acumular mel para a colheita.

Outro fator apontado pelo técnico como uma das causas da mortandade é a durabilidade da flor, que reduz nos dias chuvosos. “Diminuindo a disponibilidade de alimento para as abelhas buscar, enxames inteiros morrem de fome.”

Como alternativa na alimentação, as abelhas buscam ervas, como o trevo amarelo, nabo e outras que, em muitos casos, desapareceram com a intensificação da produção agrícola e da utilização de veneno.

Investimento para prevenir perdas

Em uma propriedade do interior de Tabaí, o apicultor Celso Borba distribuiu centenas de caixas para a produção de 500 colmeias de abelhas africanizadas. Sem roupas especiais é impossível se aproximar dos favos, que na sua produção ainda estão cheios. São cerca de 60 mil abelhas por colmeia.

Há dez anos ele é apicultor, e depois de pesquisas e estudos na área, resolveu fornecer alimentação artificial às abelhas com suplementação proteica e investir no melhoramento genético da abelha-rainha. Com isso, além de ter uma mortandade de apenas 7 %, alcançou o rendimento de 20 quilos de mel por colmeia.

Com a produção estável, Borba, vendeu todo o estoque para indústrias de São Paulo e Santa Catarina e já planeja ampliar a produção para 35 quilos, na próxima safra, no outono. Recentemente inaugurou a agroindústria Borba Mel, localizada na entrada de Tabaí.

Em questão

1 – Como está a situação da produção de mel da região perante o Estado?
Técnico Paulo Conrad – O RS é o maior produtor do Brasil. O Vale tem sua importância nesta produção. Além de termos vários pequenos criadores, temos apicultores que moram no vale e têm sua produção fora daqui. Produzem em áreas de campo, onde podem ter um número maior de colmeias. Em nossa região temos municípios como Progresso, Teutônia, Taquari, Encantado entre outros que têm bons volumes de produção.

2 – Quanto era a produção do vale e em quanto ficou com a queda?
Conrad – Temos cerca de mil pessoas que lidam com apicultura. O Vale do Taquari colhia em média de 15 a 20 kg de mel por colmeia/ano, somando as safras de primavera e outono. Este ano, a colheita de primavera que sempre rendia entre 10 a 12 kg por colmeia, não superou os cinco quilos. Agora esperamos a safra de outono, entre março e maio.

3 – Qual a alternativa para os apicultores que tiveram grandes perdas?
Conrad – Precisamos de pesquisa oficial para estudar os motivos da mortandade das abelhas e uma maior consciência ambiental dos produtores rurais que usam venenos indiscriminadamente. Outra alternativa será o apicultor usar a técnica de alimentação das abelhas em épocas de escassez de alimentos na natureza.

CIC Vale do Taquari

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