Um grupo de produtores da localidade de Alto Conventos, em Lajeado, participou de um curso de Produção Agroecológica na última quinta-feira, dia 13, na propriedade da agricultora Inês Beuren. Na ocasião, o assistente técnico regional em Manejo de Recursos Naturais da Emater/RS-Ascar, Marcos Schäfer, realizou palestra e atividades práticas abordando temas relacionados a implantação de um pomar agroecológico de frutas adaptadas ao local, como bananas e abacates. Escolha da área, aquisição das mudas, preparação da terra, espaçamento entre as plantas, correção do pH do solo, plantio e elaboração de caldas e biofertilizantes naturais foram alguns dos temas propostos.
O curso, que tem o apoio da secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação da Prefeitura de Lajeado, segue no próximo dia 26 de agosto, quando serão trabalhadas técnicas para a elaboração de uma horta sem o uso de agroquímicos. A extensionista Social da Emater/RS-Ascar, Amari Stacke, salienta que o objetivo principal dos encontros é o de promover, num primeiro momento, o autoconsumo de alimentos naturais, o que poderá garantir, minimamente, a segurança e a soberania alimentar das famílias. “Hoje, a gente ainda vê muito produtor comprando frutas e verduras no mercado”, analisa.
O eventual excedente poderá ser comercializado na comunidade local ou até em feiras da cidade. “O produto natural, feito sem o uso de qualquer agroquímico, certamente tem mercado garantido”, analisa. As famílias participantes do programa integram o Projeto Socioassistencial do município. Para Amari, a atividade também visa a integrar famílias em vulnerabilidade social. “Durante o ano realizaremos outras ações, como excursões para conhecer experiências e palestras sobre boas práticas de preparo de alimentos, aproveitamento para produção de geleias e compotas para agregação de valor, higiene e armazenamento”, diz.
Outra etapa envolverá a defesa e a garantia de direitos socioassistenciais para as famílias participantes. “São muitas as políticas públicas existentes nas mais variadas esferas e, muitas vezes, uma comunidade mais afastada, não tem acesso a esse tipo de conhecimento”, explica. Para a agricultora Lenise Schuster, o encontro serviu para ampliar os conhecimentos sobre cultivo agroecológico, ainda que a expectativa maior seja pela atividade sobre horta orgânica. “Agora que o meu marido se aposentou, temos a intenção de aproveitar o espaço para colocar alface, rúcula, repolho, tomate e outros”, projeta.
Lenise é produtora de leite. Possui cinco vacas que dão 900 litros de leite ao mês, que são vendidos para uma agroindústria de Marques de Souza. Desde que saiu da cidade, há 13 anos, onde trabalhava como empregada doméstica, a agricultora não se arrepende. “Aqui a gente produz aquilo que vai comer, convive num ambiente mais tranquilo e saudável, é muito bom”, afirma. A ampliação da horta, hoje voltada apenas ao consumo da família, poderá significar uma renda extra para a família, composta ainda por dois filhos que trabalham na cidade. “Acho que gente pra comprar certamente teria, ainda mais para um produto diferenciado”, finaliza.
