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Este foi o 18º encontro do Programa de Sucessão Familiar da Cooperativa Languiru (Foto: Éderson Moisés Käfer)

Jovens produtores da Languiru orientados sobre processo sucessório nas propriedades

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O conceito de empreendimentos familiares no campo e as formas de agir para que se tenha uma sucessão tranquila na propriedade foram temas abordados pelo consultor em gestão de empreendimentos rurais, Lucildo Ahlert, no 18º encontro do Programa de Sucessão Familiar da Cooperativa Languiru. O evento, que ocorreu no dia 18 de junho, na Associação dos Funcionários da Languiru, apresentou histórico da agricultura familiar e possibilitou debate sobre o futuro da agricultura.

Destino era meio urbano

Ahlert apresentou as concepções do modelo produtivo da agricultura familiar e as mudanças que ocorreram ao longo do tempo. Observou que os filhos de agricultores eram financeiramente dependentes dos pais até o casamento e aceitava-se que a vida no meio rural era mais dura do que na cidade. “Nesse contexto, as filhas eram direcionadas para viverem no meio urbano com a ideia de que o ambiente rural não era adequado para elas. Além disso, a mídia televisiva destacava a vida urbana como um meio de possibilidades. Em contrapartida, a vida rural era retratada de forma sofrida e composta por pessoas atrasadas”, condenou.

Para complementar, Ahlert mostrou os resultados de uma pesquisa feita há dez anos, perguntando qual a forma de recompensa do trabalho realizado pelos filhos nas propriedades rurais. “Naquela ocasião, a maioria indicou que pegava dinheiro com os pais quando precisava”, revelou.

Fortalecimento do agronegócio

Hoje, devido ao reconhecimento do setor primário como vital para a economia brasileira, as perspectivas mudaram. Segundo Ahlert, o setor tornou-se mais forte e reconhecido, foram criadas entidades representativas e sindicatos, além da definição de políticas públicas para o setor (aposentadoria oficial e financiamentos subsidiados).

Ahlert também citou o aumento nas escalas das atividades voltadas ao mercado e a exigência de investimentos constantes. “A propriedade mudou e os recursos mudaram, ou seja, se vê perspectivas no meio rural. As pessoas mais novas querem investir”, enalteceu.

Ele reiterou que os filhos dos produtores almejam, principalmente, a independência financeira e contribuir na gestão dos negócios. No entanto, em boa parte das propriedades, ainda existem entraves a serem superados, como membros da família atuando sem receber remuneração, decisões centralizadas nos pais e caixa único para administrar o negócio e as despesas da família. “É importante salientar que o agronegócio brasileiro está sustentado na agricultura familiar, porém, estamos num momento em que é preciso incentivar a troca de ideias entre pais e filhos. Deve haver planejamento”, apontou. “Há regiões onde o filho vai estudar para ser técnico em agropecuária e, quando retorna à propriedade, os pais pensam que é dinheiro jogado fora. Felizmente, na nossa região, esse conceito já ficou no passado”, acrescentou.

Gestão da sucessão

Ahlert comentou que hoje devem ser adotadas novas estratégias que alteram o modelo de gestão dos empreendimentos familiares rurais. Lembrou do atendimento da necessidade de investimentos, da inserção do jovem no negócio e planejamento de projetos de vida na propriedade para os filhos, geração de recursos para viabilizar a remuneração dos membros da família de forma sistemática, capacitação dos jovens na utilização de ferramentas de gestão para planejar, analisar e controlar as atividades de forma lucrativa. “Temos que ter gestão e precisamos entender que ali existe um negócio. Empreendedor que não é persistente, não é empreendedor”, sintetizou.

O professor chamou atenção do grupo para a implantação de um sistema de sucessão profissional na propriedade. Entende que a ausência de um processo de sucessão gera insegurança para que o sucessor implante o seu projeto de vida, pois, no momento da transmissão do patrimônio via herança, todos os filhos, independentemente de onde estiverem, têm o mesmo direito, o que pode comprometer o negócio na propriedade, além de a sucessão ocorrer de forma tardia.

Ahlert observou que o processo tem as particularidades do sucedido e do sucessor. “No processo de sucessão temos que levar em conta a vontade do produtor em se afastar da sua posição, a disponibilidade do sucessor em assumir o controle, o acordo em manter a família envolvida nos negócios e a aceitação dos papéis individuais. A importância do processo é evitar conflitos familiares e permitir a continuidade da atividade produtiva”, frisou.

Para ele, a sucessão deve ocorrer de forma gradual, evitando a simples retirada dos pais por ocasião da aposentadoria ou de falecimento. “Esse processo deve iniciar o mais cedo possível, ou seja, quando os filhos estiverem maduros e tiverem conhecimento do projeto deles”, sugere.

Para finalizar o encontro, ocorreu a discussão em grupos da gestão familiar na propriedade rural e foram debatidas questões pontuais sobre o tema.

CIC Vale do Taquari

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