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Certificação ampliou mercado para Guadagnin (Foto: Micheli Guadagni da Silva)

Do chimarrão ao cosmético

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Inovar no destino dado à matéria-prima e na apresentação do produto final é a alternativa encontrada por produtores e indústria para incrementar o consumo de erva-mate. Novos produtos usando a matéria-prima representam novas oportunidades para as ervateiras. O agricultor familiar Eduardo Guadagnin, de Putinga, no Vale do Taquari, encontrou na certificação uma possibilidade de agregar valor à matéria-prima e ampliar o mercado. Parte da produção de 2 toneladas/mês, cultivada em sistema de agrofloresta, destina-se à fabricação de extrato de erva-mate para a Natura. Considerado pioneiro, diz ser o primeiro produtor a obter a certificação internacional. O selo verde, que atende às normas estabelecidas pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil), garante que a propriedade familiar é sustentável.

O primeiro passo foi dado há 15 anos. “Fui deixando de lado a lavoura convencional, pois perdia em qualidade e sabor”, conta. Aos poucos, incorporou às plantas nativas da região como araucária, bracatinga, canela e pitangueira. “A erva é do mato”, afirma. A variedade cultivada é a Ilex paraguariensis, a principal e mais usada no Rio Grande do Sul.

A ervateira Putinguense beneficia, ainda, 20 toneladas/mês de 50 propriedades de erva-mate não certificada da região. Por meio da parceria, a família Guadagnin troca experiências e, do conhecimento adquirido após a certificação, dá orientações sobre como melhorar a produção. “Manejar de forma natural é o caminho certo”, acredita a bióloga Micheli Guadagnin da Silva, filha de Eduardo. Ela e a irmã, que ajudam o pai a gerenciar a propriedade, fazem parte da quarta geração.

Entre os aprendizados obtidos com a certificação, está o período ideal para colher a erva-mate. Embora possa ser feita durante todo o ano, o período mais produtivo ocorre durante o inverno, quando as folhas estão mais grossas e maduras, sendo possível extrair todas as propriedades para uma ervamate de qualidade — para extrato ou para o chimarrão. No mesmo sentido, o ideal é não colher durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. “No verão, a árvore está brotando, então prejudica o desenvolvimento da planta”, explica Micheli. Além disso, nesta época do ano a folha é fresca e fina, o que resulta em menor rendimento.

Na contramão do pioneirismo da família Guadagnin, o setor da erva-mate no
RS passa por um momento delicado. Responsável por 60% da produção nacional, o Estado tem 14 mil agricultores que produzem erva-mate e colhe 260 mil toneladas/ano. Deste total, 95% é destinado à erva de chimarrão e o restante é utilizado em chás, cosméticos e produtos farmacêuticos. Atualmente, a área cultivada é de 35 mil hectares, mas já foi de 45 mil hectares até 2011, quando em função do preço defasado — R$ 10 a arroba — alguns produtores substituíram parte da área por soja. Com a falta de matéria-prima, o preço pago ao produtor chegou a R$ 30 em 2013, mas está voltando a cair, com variações dentre R$ 15 e R$ 10. Para agravar a situação, os supermercados faturam entre 70% e 100% em cima do valor, cenário este que ocasionou a queda do consumo.

O receio do diretor executivo do Fundomate, Valdir Zonin, é de que a área plantada volte a diminuir. Na tentativa de evitar que isso ocorra, o Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate) se prepara para lançar, durante a Expointer, o sorvete italiano de erva-mate. A programação da feira, que ocorre de 30 de agosto a 7 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, também contará com oficinas de gastronomia à base de erva-mate. A iniciativa segue na mesma linha de ação cultural que está sendo realizada durante a Copa, com a Escola do Chimarrão junto ao Paradouro Gaúcho do Cais do Porto, em Porto Alegre. “Mesmo com a elevada do preço da erva, o chimarrão ainda é a bebida mais barata do mundo”, afirma. Segundo ele, uma cuia custa R$ 1 em erva-mate, sendo que é possível tomar 2 litros.

Vantagens da certificação

  • Preços melhores, pois aumenta a acessibilidade do produto ao mercado internacional.
  • Aumento de produtividade com a redução do desperdício.
  • Melhoria de imagem, já que o certificado mostra a responsabilidade socioambiental com o manejo da propriedade.
  • Reconhecimento do mercado, pois um número crescente de consumidores conscientes estão dando preferência aos produtos que tenham selo verde.

Fonte: Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil)

CIC Vale do Taquari

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