Telefone: 55 (51) 3011 6982

Cerca de 150 indígenas vivem na Aldeia Coqueiro. Contrato para construção foi estabelecido em R$ 8,5 milhões (Foto: Rodrigo Martini)

Dnit prorroga contrato de obra da aldeia

Patrocínio

A obra de construção da aldeia indígena para os caingangues que vivem às margens da BR-386 está atrasada e com contrato prorrogado em 90 dias. De acordo com o Ministério dos Transportes, o acordo original firmado entre o consórcio formado pelas empresas Iccila e Planus com o Dnit tinha vigência entre os dias 8 de janeiro de 2015 e 28 de dezembro de 2015.

No site da transparência da União, ainda não consta o termo aditivo para sequência do empreendimento, orçado em R$ 8,5 milhões. Questionada sobre o andamento das obras e a situação do contrato assinado com o consórcio de Estrela, a superintendência regional do Dnit confirma que o acordo foi prorrogado em três meses, sem qualquer acréscimo nos valores já contratados.

As 29 moradias previstas no contrato foram entregues em agosto às famílias indígenas, possibilitando a remoção das pessoas e a destruição da antiga aldeia. Também já está concluído o Centro Cultural da Aldeia Coqueiro. Resta apenas a conclusão de uma escola e da casa de artesanato. A previsão do Dnit é finalizar todo o empreendimento até março.

A reportagem tentou contato com Günter Wagner, ex-prefeito de Estrela, e gerente da empresa Iccila, vencedora da licitação para o empreendimento. No entanto, nesta terça-feira, dia 5, o empresário não pôde atender. O Dnit também não soube precisar os motivos para o atraso na conclusão das obras iniciadas em janeiro de 2014.

Apesar da prorrogação por mais três meses, o atraso não afetará as obras de duplicação no trecho de 1,8 quilômetro entre Estrela e Bom Retiro do Sul, liberadas só em novembro de 2015. Isso graças a uma liminar concedida pela Justiça, a pedido do Ministério Público Federal, que obrigou a ocupação da nova aldeia antes mesmo da conclusão de todo o empreendimento, sob risco do local ser invadido por índios que vivem em outras regiões do RS.

Quase três anos de atraso

A Aldeia Coqueiro deveria ter sido entregue em julho de 2013. Era essa a data limite acordada em 2010, no Plano Básico Ambiental (PBA), firmado entre Dnit, Funai e Ibama, antes mesmo do início do processo licitatório para as obras de duplicação da rodovia federal.

O custo estimado no documento – condicionante para autorização das obras na BR-386 – era de R$ 462 mil para 16 moradias, a um valor unitário de R$ 18 mil cada. Faziam parte do orçamento uma escola e um poço artesiano. Já os projetos técnicos estavam orçados em R$ 24 mil.

Os valores previam todas as instalações hidráulicas e elétricas.

Esse mesmo plano previa um cronograma para a construção da aldeia. Estava acordado a entrega, dentro de um prazo de seis meses, dos projetos técnicos.

Após, a empresa contratada teria oito meses para preparar o terreno e iniciar, no mês seguinte, a edificação das moradias. O prazo estipulado para a conclusão do empreendimento era de 28 meses.

No entanto, a primeira licitação para a obra foi lançada só em maio de 2013. No documento, foram incluídas 13 moradias, um centro de reuniões e uma casa de artesanato. Esse edital acabou suspenso pelo Dnit, pois o único consórcio participante – formada pelas empresas Iccila e Planus – apresentou proposta de R$ 10,6 milhões, valor R$ 10,2 milhões acima do previsto no PBA.

Um novo edital foi lançado em novembro daquele ano. Novamente, só o consórcio Iccila/Planus participou da concorrência. A primeira proposta, de R$ 9,6 milhões, foi rejeitada pelo Dnit, que acabou homologando a licitação e firmando contrato com as empresas pelo valor de R$ 8,5 milhões.

Funai e Ibama liberam duplicação

Conforme a prestação de contas do Dnit, a obra de duplicação dos 33,8 quilômetros entre Tabaí e Estrela está 91,6% concluída. Até o momento, o governo federal já pagou R$ 168,7 milhões de um total previsto de R$ 184,2 milhões ao consórcio das empresas Conpasul e Iccila, vencedor da licitação lançada em 2010. Pelo orçamento inicial, disposto no edital, o empreendimento custaria R$ 147,4 milhões.

Desde a assinatura de contrato, em julho de 2010, houve cinco termos aditivos. O primeiro, de março de 2012, gerou acréscimo de R$ 22,7 milhões. Um ano depois, novo aditivo no valor de R$ 13,5 milhões. Em junho de 2014, houve outro incremento de R$ 437,5 mil. Além desses, dois termos – de maio de 2014 e julho de 2015 – garantiram prorrogação do prazo final das obras.

Já os serviços no polêmico trecho de 1,8 quilômetro próximo à aldeia caingangue iniciaram, de fato, em novembro passado, após o Ibama, enfim, dar o aval para a Funai liberar as obras. Era a única parte do trajeto de 33,8 quilômetros que ainda carecia de autorização. Além desse, há outros sete quilômetros em obras em Estrela.

CIC Vale do Taquari

Mais notícias

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa  Política de Privacidade.